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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Beijing 2008 – Competição, Fraternidade e Perseguição

Alfrêdo Oliveira Silva

Durante o mês de agosto o mundo voltará seus olhos para a República Popular da China, e em especial para Beijing (Pequim) cidade sede das olimpíadas de 2008. Atletas, torcedores, jornalistas, turistas e pessoas vindas dos quatro cantos do mundo, chegarão à capital que conta com mais de 17 milhões de habitantes , mais que o dobro de habitantes de todo o Estado de Pernambuco .

O que será visto por milhares de pessoas ao redor do mundo, não serão as belezas naturais de um país continente; os altos índices da economia que mais cresce nos últimos trinta anos; nem as riquezas de uma cultura milenar retratadas na grande muralha, na praça da paz celestial, na cidade proibida, no Templo do Céu, ou qualquer outra atração do ex-Império Celeste. O mundo olhará para os atletas olímpicos.

As atenções estarão voltadas para pessoas do mundo inteiro que competirão em busca de medalhas de ouro, prata e bronze, em várias modalidades. Cada um representando seu país e tentando superar-se, e aos outros competidores. O espírito olímpico está na alma ocidental que compete e estimula a competitividade. A prática de esportes é prazerosa, saudável e recomendável, mas a competitividade selvagem do dia-a-dia não.

Embora as olimpíadas se apresentem como um evento de congraçamento entre nações, o espírito que predomina é o da competitividade – que vença o melhor – e não o da fraternidade, ideal proposto pelo Cristianismo. Nas olimpíadas os melhores, e com melhores condições de preparo, vencerão e serão recompensados. Nem todos ganharão medalhas, mas todos perseguirão a glória olímpica.

Para o Cristianismo, os valores são outros. Mais importante que a competição e a vitória, é o exercício da cooperação e da ajuda mútua, o exercício da fraternidade. Cristãos são irmãos, e irmãs, e devem ser vistos como colaboradores e não competidores, o Espírito que nos impulsiona é fraterno. Nada contra o evento olimpíadas que ocorre a cada quatro anos, tudo a favor de uma vida fraterna e cooperadora vinte e quatro horas por dia, doze meses por ano.

Ao olhar e torcer pelos atletas, devemos ter em mente que na vida somos companheiros de jornada e estamos no mesmo time, e como cristãos representamos o mesmo Reino, o Reino de Deus.

Mas, há outra coisa a ser observada durante as olimpíadas, e que certamente não ocupará o centro dos noticiários. Trata-se da igreja cristã chinesa. A China tem uma das igrejas mais crescentes e vigorosas do mundo, embora sofra perseguições . Os cristãos perseguidos, aqueles que, em sua maioria, não estão nas igrejas registradas, devem ser lembrados. Pastores presos, locais de culto atacados, multas e confiscos de Bíblias, são algumas das restrições sofridas por estes nossos irmãos.

Neste tempo em que o mundo olha para a China, é preciso conhecer e dar visibilidade ao sofrimento de cristãos – tanto católicos quanto protestantes e batistas –, e de pessoas de outros grupos religiosos como os confucionistas, budistas tibetanos, islamitas, que também sofrem restrições ao exercício de sua fé . Na classificação de países por perseguição, a China ocupa o décimo lugar .

Durante as olimpíadas os cristãos são desafiados a enxergar além das competições e medalhas, que se espera nossos atletas tragam; É preciso enxergar a realidade da vida fora dos estádios, que acontece por trás dos refletores e longe das câmeras da propaganda oficial.

É preciso enxergar as necessidades e sofrimentos dos cristãos chineses, e demonstrar a nossa solidariedade através de cartas e e-mails, além de interceder junto às autoridades por mais liberdade.

É tempo de estimular e viver a fraternidade. A existência fraterna conduzirá a sociedade para uma cultura que promova a dignidade humana. Em uma sociedade fraterna a vida, saúde, segurança, educação, alimentação, trabalho, moradia, liberdade religiosa e tantos outros, são direitos de todos e não privilégio de alguns. No dia a dia os seres humanos devem perceber-se como cooperadores, e não competidores, ajudadores, e não concorrentes. Que as olimpíadas ajudem a promover a paz e a liberdade na China.

Soli Deo Gloriæ!