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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Enchentes e Notícias do Sal da Terra

Caríssimos irmãos e irmãs,

O Sal da Terra é um grupo musical que toca ritmos nordestinos e nesta hora de calamidade apresenta um relatório de atividades. Continuemos a orar e contribuir com donativos.

Fraterno abraço,

Alfrêdo

----- Original Message -----
Fui sábado à Santana do Mundaú e Correntes. Pela extensão do grande número de cidades afetadas, estamos trabalhando (IV Igreja Presbiteriana de Garanhuns e sal da terra) apenas nestas duas cidades que ficam aqui pertinho da gente.

Para Correntes levei 350 cestas básicas e entreguei ao Pr. Cristiano. Elas serão fracionadas (entregues paulatinamente e criteriosamente) Estima-se, pelo menos, 5 meses para a reconstrução da parte da cidade que foi prejudicada com a cheia.
Correntes está numa situação melhor do que Santana do Mundaú, posto que a área afetada foi menor, a cidade não se localiza só na beira do rio, pelo contrário, a maior parte dela está no alto. O Governo do estado está investindo pesado com máquinas, na revitalização de pontes, ruas e estradas.

Já em Santana do Mundaú, Lula "abriu o cofre" e creio que Deus ouviu as orações dos santos (mas continuem a orar até que TUDO se resolva). A cidade virou um quartel do exército, você não anda 50 metros sem encontrar um soldado trabalhando.
Evidentemente, o cenário não mudou em nada... Ainda é uma cidade desolada, totalmente comprometida, sem água, sem luz, restou muito pouca coisa além de escombros e um mal cheiro terrível. O que se vê são máquinas empurrando lama, filas de caminhões caçambas e pessoas tentando limpar e aproveitar casas e utensílios. Ainda existem ruas que estão sendo reabertas.
Apesar de tantas máquinas de tantos profissionais, engenheiros, técnicos, militares e voluntários. Percebe-se claramente que vai levar um tempo enorme para se reconstruir tudo. Até porque, o que se cogita é que as casas não vão ser reconstruídas no mesmo lugar, e é sensato que não sejam.

Como vai demandar tempo, é necessário que não haja desmobilização da ajuda que tem chegado a estas comunidades. Donativo têm chegado em grande quantidade de todo canto, mas é necessário que eles sejam fracionados até que tudo seja reconstruído.

Hoje (28/06/10) iríamos levar mais 400 cestas básicas para lá, mas suspendemos a viagem pois choveu o dia todo e entrou pela noite, voltando a ilhar a cidade. Estamos orando para a chuva parar, senão teremos outra grande enchente amanhã.

Este é um fato totalmente novo para nós, ninguém tem registro de NADA parecido com o que está acontecendo agora. CHUVA, CHUVA, CHUVA! Horas a fio de chuva, ontem tivemos com quase vinte e quatro horas de chuvas sem parar, e se não parar vamos ter uma nova enchente. Que Deus tenha misericórdia!
O Pr. Cristiano (de Correntes) me falou que quem tinha voltado para casa já está tirando tudo de dentro de casa e levando para os lugares altos. Ele me falou também que a cidade voltou a ficar sem água encanada, pois a chuva voltou a levar todo serviço de reparo que tinha sido feito.

A boa nova é que o Exército, com competência, tomou a direção de Santana do Mundaú, até porque, até a casa do prefeito foi severamente afetada... ele tem sido apenas coadjuvante no processo.
Eu conversei com o comandante da operação militar, Major Edson. Com muita atenção e presteza ele me esclareceu como é que começou a funcionar a assistência a saúde, apartir de então. Eles montaram um hospital de campanha, igual ao que usaram no Haiti, com seis tendas infláveis, um grupo gerador, 10 médicos, enfermeiros e atendentes, além de uma equipe de apoio. Tudo ficará montado até que a situação se normalize. Eles estão contando apenas com duas auxiliares de enfermagem voluntárias.
Portanto hoje, graças a Deus, não há necessidade médica a ser suprida... E nossa idéia da equipe médica para estas cidades foi suspensa (estavamos para receber sete médicos esta semana).

Dizem que "Deus escreve certo por linha tortas" e isso parece se aplica ao que nós temos hoje. Possivelmente, o Sr Lula, sabedor de que este é um ano eleitoral, veio pessoalmente aqui, visitou os lugares e ordenou todo investimento necessário. Certamente para evitar aquelas entrevistas, onde as pessoas ficam acusando o governo que não está fazendo nada. Que Deus me perdoe se eu estiver julgando mal. Mas o fato é que, quer seja por uma mera questão política eleitoreira, ou não, a verdade é que o governo federal assumiu com competência o controle das ações.
O exército montou, também, um armazém para recebimento e distribuição dos donativos, lá em Santana do Mundaú. Ao contrário do que se vê nestas situações, já não há mais tanto risco da aplicação errada dos donativos.
A ajuda tem chegado de todo canto, no meio de tanta destruição a solidariedade tem sido algo maravilhoso de se ver... Deus é bom! Mas é necessário que esta ajuda permaneça e se estenda até que tudo se resolva.

Volto a frisar que é necessário que a ajuda seja fracionada por todo período de tempo de reconstrução da cidade. E que ela não venha toda de uma vez só, entende? Por exemplo, eu acertei com um amigo meu de Recife que ao invés dele me enviar 50 cestas hoje (como ele planejava), que ele me envie 10 por mês até que a situação se normalize.

A questão de alojamento dos moradores do lugar não mudou muito, quem teve a casa danificada está tentando consertar, aqueles que a casa foi apenas invadida pelas águas está tentando limpar tudo (com água enlameada do rio) e quem teve a casa destruída espera uma posição do governo... Este é o maior "gargalo", pois as famílias sem casa continuam sem estimativa quando esta situação vai mudar. E hoje, como excesso de chuvas que está caindo, não dá nem para montar barracas para alojar estas famílias, pois os terrenos estão todos encharcados.

O temor no momento é que não seja mantida a ajuda humanitária, que demore muito a reconstrução das cidades e que a tragédia entre no esquecimento antes que se remedie.

A minha idéia é realizar um inquérito em Santana do Mundaú, para identificarmos quais irmãos estão sem casa e o que será necessário para apoiá-los neste momento. Porém, ainda não temos uma definição concreta do que será feito pelo governo. A partir da informação do governo e dos dados que levantarmos juntos aos nossos irmãos desabrigados é que vamos fazer o nosso planejamento e recorrer aos nossos amigos.
Todas as nossas ações estão sendo realizadas em conjunto com a minha igreja e dirigidas pelo meu pastor.
Por favor orem pela orientação de Deus sobre nossa vida. Isso aqui virou um enorme quebra-cabeça.

O tempo vai passando as pessoas podem ficar abatidas na mesma proporção que a chuva as tem maltratado.
Infelizmente, estamos pagando o preço da nossa desobediência ao Pai e este planeta tão lindo que Ele nos deu passa por todas estas situações. O desmatamento, as queimadas, a falta de planejamento urbano, a falta de políticas públicas coerentes e tantos outros pecados tem resultado nisso que nós estamos vivenciando.

Um grato abraço e que Deus os abençoe,

Marcos - sal da terra

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