25Jesus, porém, conhecendo os seus
pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e
toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. Mateus
12.24, 25
Jesus
advertiu aos fariseus que um reino, cidade ou casa dividida não sobreviveriam.
Somente vivendo sem divisões, subsistiremos. Vivemos dias difíceis de
polarização em nossa nação, que divide amigos, famílias e igrejas. O texto fala
em Casa dividida, e pode ser esboçado em dois movimentos:
DIVISÃO INICIADA NO
PENSAMENTO e DIVISÃO EFETIVADA NAS AÇÕES
Era
uma situação difícil, agravada pela hostilidade dos fariseus. Enquanto Jesus
Cristo libertava um endemoninhado cego e mudo, os fariseus tentavam
desacreditá-lo acusando-o de ter parte com Belzebu.
DIVISÃO INICIADA NO
PENSAMENTO
Nos
dias de Jesus Cristo haviam partidos políticos religiosos: saduceus,
fariseus, essênios, zelotes e herodianos. Jesus conhecia os pensamentos dos seus
ouvintes. A palavra conhecendo – :
εἰδὼς[1] – significa perceber, discernir, descobrir, saber.
Jesus percebeu e discerniu além da aparência. Ele sondou os corações. Ações
geralmente são conhecidas, pensamentos e intenções nem sempre. Jesus conhece
pensamentos e intenções.
Há
pessoas incapazes de celebrar conquistas, mas ágeis em apontar falhas, ou mesmo
criá-las para desmerecer alguém. A pandemia trouxe o uso das máscaras externas,
e tirou as máscaras internas, com o surgimento de vários especialistas em tudo,
que a todos criticam revelando o que há em seus corações. Convém lembrar a
máxima: as críticas que fazemos aos
outros, revelam mais acerca de nós mesmos do que sobre a pessoa criticada.
Atualmente
extremismos dividem amigos, famílias e igrejas. A polarização política alcançou
níveis, antes impensáveis.
Nosso
pensamento deve estar cativo da Palavra de Deus, e contribuir para o progresso
de Evangelho, devemos promover a unidade nas famílias, na Igreja e na sociedade
em uma época de facções.
A
unidade da Igreja é um tema tão sério, que Jesus Cristo orou por ela em João 17. Oficiais ao serem ordenados se comprometem a manter
e promover a paz, unidade, edificação e a pureza da Igreja. Esses votos não
podem ser negligenciados, oficiais devem ser agentes da unidade por força do
Ofício. Quando os votos são quebrados, a noiva do Cordeiro sofre. Na Profissão
de fé e batismo os membros da Igreja prometem submeter-se à sua disciplina e
às autoridades nela constituídas para seu ensino e governo. Quando os votos
são quebrados, a igreja sofre.
Precisamos
investir na unidade da Igreja, e contribuir com ela. Nossas ações devem ser
evangelizadoras, proclamadoras do Evangelho da Paz e libertação. Não há
ideologia política perfeita, não há líder humano infalível, em nenhuma esfera.
DIVISÃO EFETIVADA NAS
AÇÕES
Fariseus
semeavam a discórdia, eram um grupo religioso popular conhecido por associar à
lei escrita a oral, gostavam de aparentar piedade, fidelidade, guarda da Lei,
mas suas ações eram desagregadoras. Não reconheceram Jesus Cristo, nem
enxergaram milagres, ou, aprenderam o amor do Evangelho. Apegavam-se à letra
escrita, e não discerniam o Espírito da Lei, contribuíam para a divisão de
Israel. Contenciosos, gostavam de exaltar a si mesmos, enquanto censuravam e
julgavam a outros. A consequência da murmuração é a divisão, que inicia no
pensamento e se revela nos relacionamentos interpessoais e afetam os
relacionamentos familiares e institucionais. Nos dias de Jesus Cristo a
sociedade judaica estava dividida.
Na
família, Igreja e sociedade em geral surgem pessoas com atitudes farisaicas.
Fariseus apresentam um discurso aparentemente zeloso, mas, as ações e palavras
causam divisão. A Igreja do Senhor não
pode ser ferida pela divisão,
murmuração
e discórdia, a Bíblia diz:
Provérbios 6.16-19 16Estas seis coisas o SENHOR
odeia, e a sétima a sua alma abomina: 17Olhos
altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 18O
coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o
mal, 19A testemunha falsa que
profere mentiras, e o que semeia contendas
entre irmãos.
Precisamos
ser vigilantes para não sermos achados murmurando, semeando a discórdia nas
famílias, povo de Deus e sociedade.
O
Brasil tem sofrido nos últimos anos pela discórdia semeada entre brasileiros.
Com isso não podemos compactuar. Divergências
políticas não podem ofuscar a comunhão, nem atrapalhar o cumprimento da missão.
Vivemos um momento crítico no Brasil, e precisamos oferecer um
testemunho do Evangelho. A Igreja deve ser a consciência do Estado, jamais
cúmplice.
Cristãos
devem viver e defender os valores do Reino sem transigir. Podemos divergir em
alguns pontos, mas, precisamos cultivar a unidade nas verdades essenciais, no
Evangelho. É preciso falar de Jesus Cristo, Ele é o Único Caminho, Única
Solução, Única Verdade, Única Vida. A Igreja deve ser o porto seguro, o lugar
de acolhida por excelência, precisamos ser reconhecidos pelo amor a Deus acima
de todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos, no exercício do amor,
misericórdia e compaixão.
Que
Deus tenha misericórdia de nós.
Soli Deo Gloriæ!
Publicado no Boletim Dominical
da Igreja Presbiteriana Memorial em 14 Fevereiro de 2021