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sábado, 20 de fevereiro de 2010

HÁ LUGAR PARA A DENOMINAÇÃO NO SÉCULO XXI?

O século XX assistiu a expansão e proliferação de denominações cristãs, mas, ao seu final, várias delas encontravam-se em declínio ou fragmentação. Pastores e igrejas em busca da retomada de crescimento, necessidade de contextualização, e relevância para um novo tempo, saíram em busca de modelos e alternativas ao declínio observado em comunidades que perdiam vigor. Outros, se empenharam na fundação de novas igrejas que atendessem as demandas das novas gerações.

Diante deste quadro o século XXI, e encontrou uma época que pode ser classificada como posdenominacional. Um tempo em que a importância, e influência, das denominações tem diminuído, e o foco se volta para igrejas e ministérios. Neste início de século as igrejas se agrupam a partir da identificação com a tendência eclesiológica adotada. Boa parte destes modelos surgiu na segunda metade do século XX. Assim, parte das igrejas começam a identificar-se a partir dos modelos eclesiásticos, e não mais pela filiação denominacional; grupos de afinidades, e não mais de convicções doutrinárias.

Estariam a denominações fadadas a morrer? Qual o lugar dos Batistas – especialmente os ligados à CBB e CBPE – neste contexto? Os Batistas sempre estiveram na vanguarda, e isso sempre ocorreu a partir do conhecimento e prática de princípios que distinguiram os Batistas em sua história. Destaque-se a bandeira da liberdade religiosa e de consciência, tão cara às democracias, mas que tem sua origem no movimento batista.

Ao longo de sua história as práticas batistas mudaram(1) , doutrinas foram reescritas – o que pode ser observado pelo estudo dos documentos de fé produzidos –, mas os princípios permaneceram como marcos norteadores. Diante da fragmentação observável em várias denominações cristãs, a Identidade Batista deve ser redescoberta.

Há lugar para a denominação no século XXI? A resposta é sim, à medida que a Denominação Batista – em suas várias expressões estruturais – redescobre os quatro pilares básicos consubstanciados na Filosofia da Convenção Batista Brasileira, a saber(2):
a) A compreensão da natureza da igreja neotestamentária local;
b) A posição do indivíduo no propósito de Deus;
c) O governo democrático da igreja;
d) O princípio da cooperação.

O centro da denominação batista é a igreja local, portanto enquanto ela existir a denominação existirá. No exercício de sua autonomia as igrejas se organizaram em associações, sociedades, convenções, e criaram várias estruturas de cooperação que dão visibilidade externa a denominação. Se a pergunta for: há lugar para as estruturas denominacionais no século XXI? A resposta dependerá da fidelidade aos princípios historicamente distintivos dos Batistas, e durante este ano esses princípios serão abordados nesta coluna.

1. OLIVEIRA, Zaqueu Moreira. Princípios e Práticas Batistas: uma abordagem histórica. Recife: Kairós Editora, 2003.
2. SOUZA, Sócrates Oliveira de, (org.). Pacto e Comunhão. Rio de Janeiro: Departamento de Comunicação da Convenção Batista Brasileira, 2004. P. 55

(Artigo publicado no Jornal "O Batista Pernambucano"; Janeiro/Fevereiro de 2010)

Um comentário:

henripib@gmail.com disse...

Excelente abordagem, meu amigo!
Que nos sirva a todos os Batistas como alerta do que nos espera.
Considero motivo de estudos o estrago que a música desprovida de conteúdo Bíblico e até mesmo de qualidade em si mesma está ocasionando entre nós como uma bomba de efeito retadardo, mas não de menor terror.
A quantidade de igrejas acaba ocasionando uma "concorrência" através da qual alguns líderes Batistas parecem desesperados em manter a quantidade de membros. Com essa atitude sob pressão alguns acabam levando as Igrejas para longe daquilo que seria uma identidade Batista.
E como em um naufrágio a placa do navio é o que menos importa, alguns líderes estão jogando fora, e até rápido demais, a identidade Batista.
Se fosse só uma placa estaria bem. Mas a denominação Batista é aquela que mais se aproxima das doutrinas Bíblicas. Sendo assim estão jogando fora a identidade e se conseguirem permanecer vivos ao naufrágio quando chegarem em terra firme correrão o risco de não saber para onde ir.
E para o pastor acaba sendo pior porque do jeito que as Igrejas fora da nossa denominação Batista estão fazendo, qualquer um poderá ser um pastor. Nelas não há muito que se exigir de um pastor. E então os pastores que hoje se desesperam correndo atrás do rebanho, oferecendo vantagens e entretenimentos, quando menos perceberem serão trocados por qualquer um que consiga oferecer essas coisas de uma maneira mais eficiente.
Afinal, não precisa de muito estudo e muito menos de chamado divino para ser animador de culto ou entretenedor de bodes!
Qualquer camelô bem treinado consegue vender bem o seu produto.
Mas ser o mensageiro de Deus é outra coisa.
Que os mensageiros de Deus ajam como sendo chamados e não como aqueles que correm atrás de novidades para manter as pessoas na Igreja.
Dc. Henri - Membro da OBBH.