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sexta-feira, 3 de junho de 2016

PÃO E CIRCO



Na antiga Roma a política do panem et circenses – pão e circo – foi adotada, para manter as classes menos favorecidas desconectadas da política, e alienadas da realidade social em que uma minoria enriquecia enquanto a maioria permanecia na pobreza. Esta política consistia na distribuição de trigo gratuitamente, ou a preços baixos, e na construção de arenas onde o povo era distraído com as corridas de bigas e quadrigas, e com os sangrentos combates entre gladiadores.
Quando se diz que tal política está sendo praticada, alude-se à alienação de um povo e o desempoderamento do papel de sujeito de sua história.
O Brasil sofre uma das maiores crises da sua história, onde os que deveriam zelar pela coisa pública, dela se locupletam despudoradamente, como protagonistas de escândalos que maculam a república. Suspeitos, investigados, indiciados, réus e condenados formam um bloco suprapartidário que milita em causa própria, sem preocupar-se com o país que afunda em um mar de lama e corrupção.
Diante deste cenário, parte do povo brasileiro ainda parece hibernar em uma sociedade onde falta pão e sobra circo.
Falta pão porque os alimentos escassos na mesa do povo, têm preços nas alturas.Sobra circo, porque o brasileiro festeiro, celebra a tocha olímpica (que na Grécia antiga comemorava o roubo do fogo do deus grego Zeus por Prometeus); passa horas discutindo os “clássicos” do futebol; gasta fortunas em festas como o carnaval; e ainda se ilude com expressões pseudo religiosas que mercantilizam a fé, e endeusam personalidades consolidadas no merchandising das marcas, embaladas por palestras motivacionais e de autoajuda, que matam igrejas ao usurpar o lugar da Mensagem Bíblica Expositiva.
O momento é grave! Não estamos somente diante de um debate ideológico – que tem sua importância, pois há ideologias perversas e anticristãs – estamos diante em um momento histórico em que a voz da Igreja precisa ecoar a voz do profeta vaqueiro (Am. 7.14) quando sentenciou:
Antes, corra o juízo como as águas;
e a justiça, como ribeiro perene.
Amós 5.24
Soli DeoGloriæ!


(Editorial da capa do Boletim Dominical da Igreja Presbiteriana Memorial,
05 de Junho de 2016)

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