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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

TEXTO E PRETEXTO...



No mês em que comemoramos os 499 anos da Reforma Protestante do século XVI, que teve como um dos seus lemas o Sola Scripturae! (Somente a Escritura!), alusão direta à suficiência da Bíblia Sagrada, convém refletir sobre texto e pretexto nas comunicações “cristãs”.

Na mídia “gospel” observa-se a veiculação, e replicação, de mensagens de autoajuda recheadas de confissão positiva, em que o texto sagrado é usado apenas como pretexto, ao ser referido no inicio das falas, para em seguida ser abandonado sem que seu conteúdo seja exposto, explicado, aplicado, nem feita qualquer menção ao seu contexto e destinatários primeiros, em algumas ocasiões volta-se ao texto para esboçar uma conclusão e consolidar a sua utilização como pretexto, e postexto.

Nestas comunicações, a menção ao texto sagrado é feita como se fora destinado apenas ao públicodo presente do comunicador, ignorando-se que a Bíblia foi escrita em um tempo, língua e cultura próprias, e destinada por Deus a atender objetivamente situações reais dos primeiros destinatários acontecidas há milhares de anos.Desta maneira o texto é dissociado do seu contexto, e associado por vezes, a situações absolutamente estranhas.Naturalmente o texto bíblico aplica-se à Igreja em todos os tempos, mas, sem negligenciar sua aplicabilidade ao seu cenário primeiro.

Neste tipo de mensagem, que é curtida e compartilhada até a exaustão, veicula-se o que o público quer ouvir, e que poderia ser dito por qualquer guru ou mísitico de qualquer grupo religioso, sem a necessidade de usar a Bíblia como pretexo.

Quem produz, ou reproduz, este tipo de comunicação nega a eficiência da Bíblia Sagrada, ao substituir sua exposição fiel por “sabedoria humana”; trai a Jesus Cristo, pois nega sua suficiência na prática; faz pouco caso do Espírito Santo, ao achar que palavras humanas confortam melhor que a inspirada e Santa Palavra de Deus; ofende a Deus que falou pelos Profetas e Apóstolos, em Sua Revelação especial, à qual nada se acrescentará.

Que o Senhor nos livre de usar o texto sagrado como pretexto, ou de divulgar mensagens que assim o fazem, e que estão sendo veiculadas todo o tempo pelas mídias sociais.

(Publicado no Boletim Dominical da Igreja Presbiteriana Memorial em 23 de outubro de 2016)


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