No mês em que comemoramos os 499 anos da
Reforma Protestante do século XVI, que teve como um dos seus lemas o Sola Scripturae! (Somente a Escritura!),
alusão direta à suficiência da Bíblia Sagrada, convém refletir sobre texto e
pretexto nas comunicações “cristãs”.
Na mídia “gospel” observa-se a
veiculação, e replicação, de mensagens de autoajuda recheadas de confissão positiva,
em que o texto sagrado é usado apenas como pretexto, ao ser referido no inicio
das falas, para em seguida ser abandonado sem que seu conteúdo seja exposto,
explicado, aplicado, nem feita qualquer menção ao seu contexto e destinatários
primeiros, em algumas ocasiões volta-se ao texto para esboçar uma conclusão e
consolidar a sua utilização como pretexto, e postexto.
Nestas comunicações, a menção ao texto
sagrado é feita como se fora destinado apenas ao públicodo presente do comunicador,
ignorando-se que a Bíblia foi escrita em um tempo, língua e cultura próprias, e
destinada por Deus a atender objetivamente situações reais dos primeiros
destinatários acontecidas há milhares de anos.Desta maneira o texto é
dissociado do seu contexto, e associado por vezes, a situações absolutamente
estranhas.Naturalmente o texto bíblico aplica-se à Igreja em todos os tempos,
mas, sem negligenciar sua aplicabilidade ao seu cenário primeiro.
Neste tipo de mensagem, que é curtida e compartilhada
até a exaustão, veicula-se o que o público quer ouvir, e que poderia ser dito
por qualquer guru ou mísitico de qualquer grupo religioso, sem a necessidade de
usar a Bíblia como pretexo.
Quem produz, ou reproduz, este tipo de
comunicação nega a eficiência da Bíblia Sagrada, ao substituir sua exposição
fiel por “sabedoria humana”; trai a Jesus Cristo, pois nega sua suficiência na
prática; faz pouco caso do Espírito Santo, ao achar que palavras humanas
confortam melhor que a inspirada e Santa Palavra de Deus; ofende a Deus que
falou pelos Profetas e Apóstolos, em Sua Revelação especial, à qual nada se
acrescentará.
Que o Senhor nos livre de usar o texto
sagrado como pretexto, ou de divulgar mensagens que assim o fazem, e que estão
sendo veiculadas todo o tempo pelas mídias sociais.
(Publicado no Boletim Dominical da Igreja Presbiteriana Memorial em 23 de
outubro de 2016)
Nenhum comentário:
Postar um comentário