Alfrêdo Oliveira[1]
Vez por outra acompanhamos na imprensa nacional, em alguns artigos, e pela Internet, críticas à utilização da motivação religiosa – seja o nome de Deus, de Jesus Cristo, ou de adesivos com mensagens cristãs – em tudo. Desde o atleta que é associado a alguma igreja, e quer divulgar a sua fé, até ao uso de adesivos que parecem invocar proteção divina. Antes de reagirmos, precisamos nos perguntar se as críticas procedem, e se indicam uma banalização da fé através da massificação do nome de Deus, como se ele fosse um amuleto.
Temos o direito de exercitar a nossa fé, e de divulgar a nossa mensagem a todos os brasileiros e brasileiras; defendemos há séculos a liberdade religiosa e a separação entre a igreja e o estado. É fácil detectarmos em sociedades não-cristãs a violação destes princípios que nos são tão caros, e que se revelam em sociedades geralmente autoritárias, e autodenominadas teocráticas: a privação da liberdade de culto, de expressão, e a intervenção da religião no estado. Precisamos usar o mesmo peso (Dt. 25.13), e a mesma medida (Lc. 6.38) ao avaliarmos a nossa inserção na sociedade, e a forma como exercitamos e divulgamos a nossa fé. Não devemos tolher a liberdade religiosa de quem quer que seja, por mais que discordemos da religião praticada. Não devemos usar nossa influência para impor a não cristãos em locais públicos, símbolos que são significativos apenas para os cristãos. Os símbolos podem, e devem ser usados por aqueles para os quais eles têm valor.
Deus em tudo e em lugar nenhum, resume a idéia do nome de Deus usado sem nenhum critério ou finalidade, apenas para constar. Atualmente o nome de Deus aparece desde a Constituição Federal até ao vidro traseiro do transporte alternativo, mas, o fato é que não ocupa lugar no coração das pessoas. Testemunhemos o Evangelho usando os recursos disponíveis, mas não ajamos de forma proselitista, e em alguns casos até agredindo a fé de outras pessoas. Não façamos aos outros o que não queremos que nos façam.
Antes de reagirmos às críticas que são feitas a um cristianismo que tem se revelado nominal e festivo, precisamos, a exemplo do que acontece na celebração da Ceia do Senhor, procedermos a um auto-exame e verificarmos se de fato algumas das críticas não têm fundamento, e se Deus, apesar de estar em tudo, não está ocupando lugar nenhum, e está tendo seu nome usado indevidamente.
[1] Membro da Igreja Batista da Capunga (Recife-PE); Pastor Batista há onze anos; casado com a Prof. Lídia Moraes Oliveira e pai de Anália Moraes Oliveira. O Pastor Alfrêdo é membro da CDC-CBPE (Coordenadoria de Desenvolvimento Cristão da Convenção Batista de Pernambuco); Professor do STBNB (Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil) e da AMESPE (Academia Memorial de Ensino Superior de Pernambuco); Bacharel e Mestre em Teologia. Texto publicado originalmente no Jornal “O Batista Pernambucano em 2003.
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